ESTA RESENHA PODE CONTER SPOILERS, DETALHES IMPORTANTES OU FATOS CRUCIAIS PARA A COMPREENSÃO DA HISTÓRIA. SE VOCÊ SE INCOMODA COM ESTE TIPO DE ABORDAGEM, POR FAVOR NÃO LEIA!
Cidades de Papel, John Green
John Green, escritor de best-sellers para jovem adultos, chama a atenção para si numa narrativa gostosa de acompanhar, mas peca ao construir os personagens desse livro até certo ponto decepcionante.
O livro conta a história de Quentin Jacobsen, um adolescente com poucos amigos que possui uma paixão platônica por sua vizinha há muitos anos, Margo Roth Spiegelman. Num dia cinco de maio que poderia ter passado como qualquer outro, a garota procura por ele para uma aventura, e aceitando os termos propostos por Mago, Quentin a ajuda. Alguns dias após o passeio de carro a altas horas da madrugada, Margo Roth Spiegelman desaparece, o que aviva a curiosidade de Q e faz com que ele encontre pistas que podem levá-lo até ela.
Embora a primeira frase dessa resenha tenha mencionado má construção de personagens, alguns deles são bem consolidados, principalmente Quentin. Q, para os íntimos, tem uma sede por saber bastante interessante, e ela é bem explorada na história. Em contra partida, um lado da sua personalidade não tão atraente é o fato de ele ser submisso ao ponto de exautar Margo Roth Spiegelman - e ele repete esse nome por completo a história inteira -. Esse endeusar que é característico dele irrita muito, sem falar que ele é o típico "nerd loser".
Os amigos de Quentin são até bem apresentados, mas não conseguimos identificar muito bem o posicionamento deles em algumas partes da história. Radar é o personagem sensato de todo o livro, com uma maturidade que os outros não compartilham que me fez gostar dele em poucas páginas. Já o Ben é um tanto chato por querer sempre ser o mais popular da escola. Tanto que numa cena ele tem uma briga com Quentin, e aí o leitor pode perceber melhor quem é Ben de verdade. Particularmente não seria um bom amigo na vida real, pois pessoas assim não conseguem se contentar com os amigos que tem, sempre estão em busca de mais.
A personagem da Margo foi a que simplesmente não consegui me ater. Ela molda a história de um jeito desagradável, pois ela permeia todas as ações tomadas pelo principal e consequentemente pelos personagens secundários. Essa pode ter sido a única vez em que concordei com Ben, que apesar de chato sabe que o amigo está sempre lá por Margo, e a mesma não liga para isso. Com personalidade inconstante e visivelmente problemática, Margo é afetada pela criação desleixada que teve. Os pais têm uma parte fundamental nessa personalidade controversa dela, mas não são totalmente culpados. A impressão que tive foi que Margo adorava jogos de sedução, e consequentemente chamar a atenção de todos para si.
Cidades de Papel possui um panorama agradável, que instiga o leitor a continuar. Li esse livro em um dia, e marquei com alguns post-its passagens que para mim descreviam bastante da cena em questão ou que descreviam personagens. A escrita de John Green é fluida, até bem humorada, mas o desenrolar da história - principalmente o final - não contribuiu para o leitor ser tocado, ou mesmo a se identificar com os personagens e seus dramas. Foi a primeira obra que li desse autor, e digo que não recomendo começar a ler John Green por esse livro se você não gosta de personagens irritantes.
Apesar de tudo, John Green sabe entreter. Algumas das mensagens passadas nesse livro são de que não conhecemos uma pessoa em sua totalidade, que julgamos pelas aparências e até que projetamos essas aparências e julgamos por um conceito inexistente. A leitura te faz refletir em algumas passagens, e alguns quotes são bastante interessantes. Pode ser um livro interessante se ver o lado humano que é tratado na obra, mas também pode ser um livro chato por causa da personagem "musa" que permeia toda a narrativa.
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